A sanfona que tanto amamos

Kiko horta

Hoje falaremos sobre a sanfona, instrumento que aqui brilha pelas mãos do sanfoneiro Kiko Horta. Respeitado entre seus pares pela excelência com que toca o instrumento, ele está lançando seu primeiro álbum solo, Sanfona Carioca (Selo Mestre Sala).

Como está explícito no título, o CD sintetiza a trajetória da sanfona brasileira segundo a ótica instrumental carioca de Kiko, que, entretanto, valeu-se da universalidade de Luiz Gonzaga, Orlando Silveira, Dominguinhos, Sivuca e Chiquinho do Acordeom.

E agora vamos ao repertório.

“Deixa o Breque Pra Mim” (Altamiro Carrilho): a melodia flui com Marcus Suzano (pandeiro), Luís Filipe de Lima (violão sete cordas), Luiz Barcelos (bandolim) e Ivan Machado (contrabaixo elétrico). A sanfona de Kiko improvisa, o bandolim sola e tudo fica muito a gosto.

“Catita” (K- Ximbinho): sete cordas e bandolim iniciam e logo entregam a melodia pra sanfona. Pandeiro e baixo elétrico seguram as pontas. A sanfona improvisa.

“Chorinho de Gafieira” (Astor Silva): vixe, que o papo é sério! A pegada do arranjo é contagiante. O bandolim improvisa e a sanfona logo divide o proscênio com ele, até voltar num improviso pleno de eficiência.

“Recomeço” (Kiko Horta): o violão de sete cordas toca a intro do belo tema de Kiko, cuja sanfona se encarrega de o levar à frente. O sete volta a brilhar. O ritmo rola afetuoso pela suavidade do pandeiro.

“Comigo é Assim” (José Menezes e Luiz Bittencourt): a sanfona abre e o pandeiro vem com ela. Suingue na veia! O diálogo do duo instrumental soa perfeito.
“Chorinho Para Miudinho” (Dominguinhos): Dominguinhos está presente com um choro esperto. Sanfona e bandolim dão conta do recado. Os improvisos vêm perfeitos.
“Dino Pintando o 7 Cordas” (Sivuca): e chega a hora da homenagem ao grande Dino Sete Cordas. E o sete fulgura pelas mãos de Luís Filipe, enquanto a sanfona resfolega, bonita que só, e o bandolim toca e também arrasa.

“Forró Transcendental” (Kiko Horta): balanço total, de fazer o mocinho tímido pular da cadeira e se achegar pra chamegar com a bela dama. O improviso do bandolim adere ao som da sanfona e criam um lindo momento harmônico.

“Meu Lugar” (Arlindo Cruz e Mauro Diniz): o samba em tom menor vem com a sanfona dando intensidade a ele. O sete surge e chama a atenção para seus baixos encadeados. O balanço é pleno de vigor e charme. A sanfona conduz ao final.

“Um Tom Pra Jobim” (Sivuca e Oswaldinho): o forró é quente! O ritmo segura a parada com firmeza. Cabe à sanfona e ao bandolim abrilhantarem o som que rola pelas mãos dos instrumentistas que realizaram um belo trabalho. Com o tributo de Sivuca e Oswaldinho a Tom Jobim, o álbum Sanfona Carioca fecha a tampa.

 

Aquiles Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós.

 

Ficha técnica: Produção musical: Luís Filipe de Lima e Kiko Horta, produtor associado: Celso Filho, mixagem, masterização e gravações adicionais: Tuta Macedo.

 

Ouça o álbum:

https://open.spotify.com/album/1ygxBc0TBlTCeyfCcygXJb?si=mJGMIt5rRfeEmv-KSLS7Hw